terça-feira, 6 de julho de 2010

Cervejas de massa. Falta de qualidade ou falta de costume da população?

Cervejeiros, não quero aqui levantar uma polêmica, mas hoje vou escrever um pouco sobre as cervejas de massa, ou seja, as que descem redondo, que são a número um e por ai vai. Muito se fala em blogs e fóruns de discussão sobre a falta de qualidade destas cervejas. O que eu quero levantar é: será mesmo falta de qualidade ou falta de costume das pessoas que bebem?

Tenho um exemplo dentro de casa. Meu pai e meu sogro simplesmente não suportam beber cerveja artesanal, acham que é muito forte ou que não é muito refrescante.
A primeira reação de um cervejeiro artesanal, na qual me incluo, seria dizer: “é que vocês se acostumaram a beber aquelas cervejas mais aguadas.” Ou ainda: “As grandes cervejarias barateiam seus custos adicionando milho e arroz nas receitas, por isso não são tão boas.” Mas o que dizer então da Kaiser Bock? Por incrível que pareça e desagrade muito cervejeiro, é puro malte. Eu disse puro malte e não que segue a lei da pureza alemã.

Aliás, indo até mais longe, que disse que a lei da pureza garante a qualidade da cerveja? Eu já tomei algumas que não me agradaram nem um pouco. Tenho certeza que alguns de vocês também.
Se você acha que a lei garante a qualidade, o que vai dizer sobre as cervejas belgas, uma das melhores escolas do mundo, que adicionam vários temperos as suas receitas? Tempos atrás vi uma matéria sobre a Bud. Mostraram a fábrica e todos os processos que a cerveja passa até chegar ao mercado. Posso garantir a vocês. O controle de qualidade é extremamente rigoroso. Quero chegar no seguinte ponto.

É hora de deixarmos de lado essas críticas sobre qualidade e nos preocupar em trazer novos costumes e conhecimento aos bebedores de cerveja. Por que só assim vamos conseguir mudar os conceitos formados em todos esses anos.

Saúde.

10 comentários:

Emerson "Morruga" disse...

Inspirado hoje Sulivan, assino embaixo! Parabéns pelo texto.

Anônimo disse...

Defina qualidade... tem cervejeiro artesanal que usa peças de cobre oxidadas, ligas metálicas de latão contendo arsênico, plástico não alimentício e panelas de alumínio ao invés de inóx. É quase a mesma coisa que comprar uma p escova dental de 15 reais com ABS, airbag, sensor de chuva e usar água da rede para escovar o dentes... Comofas?!

Emerson "Morruga" disse...
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Anônimo disse...

Então o certo seria usar água mineral para escovar os dentes?
Me parece utopia.

Seria a mesma coisa dizer que a comida feito por um chef não é boa porque ele usou tábua de madeira e não tábua plástica.

Fico muito feliz com a evolução que o mercado cervejeiro está tendo, não quero regredir.

Nicholas Bittencourt disse...

Existem diversos parêmetros de qualidade e acho que aqui discutimos os organolépticos, não a questão da higiene na produção da cerveja.
Como bem disse o Paulo Schiaveto no curso que fiz com ele, o principal é você conseguir reproduzir uma receita com os mesmos parâmetros, inclusive a quantidade de água que entra na fervura. Isso é qualidade no processo.
A questão da escolha do público entre as cervejas de massa e uma artesanal é porque nós, cervejeiros artesanais, sempre pensamos em IBUs acima de 30, enquanto as pessoas se acostumaram com as cervejas com menos de 20 IBU. Como mudar a opinião delas?
Com minha namorada, já percebi que qualquer receita mais amarga é rejeitada. No entanto, as cervejas de trigo ou uma strong golden ale são bem aceitas por ela.
Acho que identificar o gosto das pessoas é o primeiro passo para aumentar a aceitação das cervejas artesanais.

Mauro disse...

Estou feliz em ver uma manifestação que contrarie a tendência de jogar toda a culpa em cima das corporações. As cervejas de massa Belgas e Alemãs são melhores que as brasileiras porque o público é mais exigente, não porque as corporações sejam menos gananciosas.

Sulivan disse...

Verdade Mauro. Precisamos para de culpar as idustrias e começar a disseminar a cultura cervejeira. Apontar somente os defeitos não ajuda em nada.

Abs

Rick disse...

Para mim a melhor definição de qualidade é: adequação ao uso. Exemplificando, podemos dizer que para o trânsito, conservação das estradas e segurança ao patrimônio no Brasil a qualidade de uma Ferrari é sofrível. Caso o consumidor somente rode em auto-estradas bem conservadas, com escolta armada e seja um fã de carros esportivos a qualidade começa a aumentar consideravelmente para este exemplo. Percebam que neste conceito há uma relação entre o produto e a necessidade do consumidor. Desta forma, eu diria que as cervejarias de massa produzem uma cerveja de alta qualidade para o maior público consumidor do país. Lembrando que este público busca uma cerveja leve em aroma e sabor, refrescante e, principalmente, muito barata (é pra chapar o coco mesmo) e isto é completamente atendido pelas grandes cervejarias. Não estou dizendo que o marketing da grande indústria não tente "moldar" a cabeça do consumidor, distorcendo a percepção do consumidor a respeito do que é qualidade. Mas aí já é outra história. O mais importante é lembrar que a indústria nacional de cervejas especiais, mesmo que ainda incipiente, também atende nossa percepção de qualidade. Cada um no seu quadrado.

Jean disse...

Prezado Sulivan,

A melhor cerveja é aquela que o fulano mais gosta. E gosto não se discute, não é assim?

Acho bem possível alguém preferir as comerciais do que as outras.

Além disso, o gosto por alguma coisa muda com o tempo... Tomara que sim, né?

A cultura e o costume também influenciam...Tenho conhecidos que não gostam da Heineken (acham amarga), mas apreciam um cinzano (bitter). Pode? Neste caso, penso que o consumidor quando bebe cerveja pensa nas comerciais e a comparação é inevitável... as que apreciamos são taxadas de amargas, de fortes...

Mas eles já sabem que existe vida após as comerciais...

Viva as diferenças!

Abraço,

Jean Claudi.

Juan disse...

Concordo com você.
Tem muita gente que se considera oos bebedores de cerveja só porque tomaram antarctica a vida inteira.
Eu particularmente beberia só cerveja ale ou heineken ou guinness se fosse mais em conta.
Mas como o dinheiro não deixa a gente ficar bêbado todo fds sexta sábado e domingo com essas belezuras vai de Skol msm.
Também acho que o Brasil deveria reduzir um pouco do imposto sobre bebidas alcoólicas. Venderia-se mais com certeza e facilitaria o acesso a coisas boas que deveriam ser baratas, mas encarecem só por causa do imposto.
A Guinness e a Leffe por exemplo cairia um bocado, e faria muito mais brasileiro felizes e livre da ignorância de achar que cerveja é só a que é fabricada pela AnBev e Schin.
Sucesso ae veio... mto bom o blog...
entra lá no www.cervejanaguela.blogspot.com tambem

abraço